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Em existencialismo, sobre tempo e jabuticaba

Contei meus anos. Descobri que não faz diferença pensar em quanto terei pra viver, mas, sim, quanto tempo aproveitarei. A morte é a verdade que todos sabemos e por isso somos iguais. Sinto-me como aquele menino, que colheu na jabuticabeira, um pote de jabuticabas. As primeiras peguei logo, de pronto, da jabuticabeira. Das maiores aproveitei o caroço. Enguli. Para as outras que se penduravam na jabuticabeira, sorri. Sabia que tinha tempo. Limpei-as, mordi. Era bonita a jabuticabeira, tive mais tempo. Colhi o momento de observar as jabuticabas, transcendental - as bonitas e as feias.

Em muitos momentos - trascendentais - já estive de egos inflados. Inclusive do meu. Às jabuticabas, não atribuo egos, sabia que era da sua essência serem bonitas ou feias. Inquietei-me com os que cobiçavam os outros egos. Aplaudi os lugares, os talentos, a sorte. Ocupei-me pelas coisas que eu próprio podia: sorte, talento, momentos. Sei que não mereço dizer o mal dos outros. São eles. Participei, chorei, aplaudi, apaziguei as brigas, embora soubesse que o cargo de secretário-geral do coral não me cabia. Cabia o meu canto, um dos de muitos tenores. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos. Desejava a essência, o coral, as jabuticabas, as pitangas. Minha alma compadece, entende, solidariza-se. Sem desejar mais jabuticabas, fui à pitangueira. Havia poucas maduras. Esperei uma semana. Voltei lá.

Sei que Deus há em torno de mim, amigo, essencial...

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